Vivemos o momento mais difícil da pandemia em nosso país. Aumento descontrolado do número de casos confirmados, número recorde de óbitos ultrapassando a marca de 2.000 mortes diárias, colapso do sistema de saúde com falta de insumos, ocupação maciça dos leitos de terapia intensiva e ritmo lento de vacinação.
No interior do Estado, o lockdown foi a opção política escolhida na tentativa de conter o avanço da pandemia, preservando o fôlego que resta na saúde pública e privada na luta contra o Coronavírus. Nos últimos dias, entretanto, recebemos a notícia de que o uso da vacina da AstraZeneca foi temporariamente suspensa em países europeus, como Dinamarca e Noruega, devido a relatos de trombose associada a vacinação. Devemos, portanto, temer a vacina Oxford/AstraZeneca?
O quadro clínico de trombose caracteriza-se pela formação de um coágulo de sangue que obstrui a circulação, seja ela venosa ou arterial. No caso da trombose venosa, o trombo pode obstruir a circulação pulmonar, com piora significativa do quadro respiratório e elevado risco de morte hospitalar.
A trombose arterial, por outro lado, representa a obstrução da circulação arterial, com prejuízo da perfusão das pernas e alto risco de perda dos membros. Em ambos os casos, as dores nas pernas representam o principal sintoma manifestado pelos pacientes, que pode vir acompanhado de inchaço, dores no peito e falta de ar. Na presença destas queixas, a avaliação médica, em especial do Cirurgião Vascular, é de suma importância no controle do processo trombótico e na prevenção de complicações associadas a doença.
Já foi comprovada a associação entre trombose e Covid-19. A presença do vírus na árvore respiratória eclode uma tempestade inflamatória, que é amplificada por fatores de risco como obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, imunossupressão e cardiopatias, contribuindo para a formação de micro e macro trombos na circulação periférica, no cérebro e no coração, predispondo a trombose venosa, trombose arterial, derrame, infarto do miocárdio e embolia pulmonar.
Uma vez que a vacinação representa nossa principal esperança no combate a pandemia, o pequeno número de eventos trombóticos relatados em comparação a milhões de doses da vacina AstraZeneca administradas em todo o mundo não sugere que esta vacina aumente o risco de trombose. Além disso, nunca foi publicada anteriormente associação entre trombose e vacina.
A Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia recomenda a vacinação para todos os adultos que possam recebê-la e afirma que os benefícios da vacina superam potenciais complicações mesmo naqueles pacientes com histórico de trombose venosa ou em uso de medicações anticoagulantes. A vacina deve ser administrada previamente a próxima dose do anticoagulante e, no caso de controle laboratorial inadequado, o ajuste da dose deve ser obtido antes da vacinação.
Na presença de sintomas sugestivos de trombose, como desconforto ou dores nas pernas, inchaço, queimação, alteração da coloração dos pés, dores no peito e falta de ar, mantenha o acompanhamento médico com o Cirurgião Vascular. Para mais informações sobre os principais assuntos relacionados a Medicina Vascular, acesse o site www.drsthefanovascular.com.br.