Nesta semana, comemora-se o dia Mundial de Conscientização e Prevenção da Trombose. Estatísticas brasileiras apontam que aproximadamente 180 mil pessoas são diagnosticadas todos os anos com trombose venosa profunda. Apesar disso, nossa população ainda recebe poucas informações a respeito da trombose, seus sintomas, os métodos diagnósticos existentes, suas complicações e eventuais formas de tratamento.
A trombose venosa profunda representa o tipo mais frequente de trombose no corpo humano, caracterizando-se pela obstrução do sistema venoso por um coágulo de sangue. Este coágulo forma-se a partir de 3 fenômenos: lesão da parede endotelial, que ocorre durante procedimentos cirúrgicos e traumas; estase venosa, que constitui um estado de lentidão do fluxo sanguíneo, presente nos paciente acamados; e hipercoagulabilidade, que consiste em um estado pró-trombótico, que aumenta o risco de uma pessoa desenvolver trombos em seu sistema circulatório.
Os principais fatores de risco para trombose venosa profunda são: histórico familiar de doença venosa, obesidade, sedentarismo, gravidez, uso de anticoncepcionais orais, viagens prolongadas, doenças sistêmicas (insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar crônica) e procedimentos cirúrgicos, dentre eles, as cirurgias plásticas, as cirurgias bariátricas, as cirurgias oncológicas, as cirurgias de prótese de joelho e de quadril e as cirurgias de ponte de veia safena para revascularização do miocárdio.
No momento atual em que vivemos, em meio a pandemia e o isolamento domiciliar, houve um aumento expressivo do número de fenômenos tromboembólicos nos pacientes positivos para COVID-19, especialmente os pacientes que foram internados nas unidades de terapia intensiva. A associação entre trombose e COVID-19 já foi demonstrada e a tempestade de citocinas inflamatórias foi apontada como o principal gatilho para o desenvolvimento de micro e macro trombos no sistema vascular.
Estima-se que aproximadamente 50% dos pacientes portadores da infecção viral pelo COVID-19 desenvolverão fenômenos tromboembólicos, dentre eles a embolia pulmonar, a trombose venosa profunda, a trombose arterial, o infarto do miocárdio, o acidente vascular cerebral e a morte por causas cardiovasculares. Todo paciente pertencente ao grupo de risco para o COVID-19 (obesos, diabéticos, hipertensos, cardiopatas e imunodeprimidos) apresenta risco elevado de trombose venosa.
Dores nas pernas e inchaço constituem os principais sintomas da trombose venosa profunda. Nos casos em que ocorre evolução para embolia pulmonar, o quadro clínico de dor torácica e falta de ar pode ser acrescentado as queixas em membros inferiores. O diagnóstico clínico da trombose venosa profunda deve ser confirmado com o exame de Ultrassom Doppler Vascular.
O Cirurgião Vascular representa o profissional adequado para realizar o diagnóstico e o tratamento da trombose venosa profunda, uma vez que é o especialista em fenômenos tromboembólicos e em medicações anticoagulantes.
A anticoagulação com heparina ou anticoagulantes domiciliares representam a base do tratamento da trombose venosa profunda. Além disso, a orientação médica é fundamental, em especial para os pacientes que desejam viajar por períodos longos ou que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos.