Com o recrudescimento da pandemia neste primeiro semestre de 2021, presenciamos o pior momento da luta contra o Coronavírus e vivemos o período mais delicado da saúde pública e privada de nosso país.
Apesar do plano de vacinação nacional em andamento, o colapso sanitário pode ser observado em muitas regiões do Brasil, resultado imediato do aumento do número de casos confirmados, do esgotamento dos leitos em unidades de terapia intensiva, da escassez de insumos e materiais para suporte ventilatório e dos recordes diários em número de óbitos.
Dentre todos os prejuízos orgânicos decorrentes da infecção pelo Coronavírus, a trombose representa a complicação mais grave e mais temida da pandemia que estamos enfrentando. Já foi comprovada em estudos internacionais uma forte associação entre a infecção pelo Coronavírus e a presença de fenômenos tromboembólicos, tais como, trombose venosa profunda e embolia pulmonar.
A entrada do vírus em nosso organismo, especificamente na árvore respiratória, eclode uma verdadeira “tempestade inflamatória” em nosso corpo, que quando associada a presença de fatores de risco como sobrepeso e obesidade, alterações pressóricas, alterações glicêmicas, cardiopatias e estados de imunossupressão, potencializam o efeito inflamatório viral, resultando na formação de micro e macro trombos que obstruem a circulação de importantes órgãos, tais como, coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos periféricos.
Infarto do miocárdio, derrame cerebral, insuficiência renal, trombose arterial, má circulação, trombose venosa profunda e embolia pulmonar são complicações possíveis em todas as pessoas contaminadas pelo Coronavírus. Estima-se que o risco de eventos tromboembólicos seja 3 a 4x maior nos pacientes internados devido ao Covid-19.
Como prevenir a trombose decorrente da pandemia? Em primeiro lugar, evitando a contaminação viral. As medidas sanitárias devem ser rigorosamente respeitadas, com ênfase no uso de máscaras e dispositivos de proteção facial, higienização periódica das mãos com álcool gel, distanciamento social e restrição domiciliar. Além disso, esteja atento aos sinais de alarme, que podem sugerir a presença de trombose e/ou embolia pulmonar, tais como, dor e peso nas pernas, inchaço, endurecimento das panturrilhas, alteração na coloração dos pés, falta de ar aos pequenos e médios esforços e dor no peito.
O acompanhamento médico é obrigatório, com o intuito de oferecer aos pacientes profilaxia anticoagulante com heparina ou anticoagulantes domiciliares. Recomenda-se profilaxia estendida com anticoagulantes por período médio de 3 meses, afim de evitar complicações tromboembólicas decorrentes da infecção viral.
Após a alta hospitalar, é necessário manter o acompanhamento médico? Pouco sabemos a respeito da Covid-19, exceto que muitos sintomas persistem mesmo após a internação hospitalar. Os relatos de alterações circulatórias tardias nos obrigam a manter a vigilância dos pacientes infectados, mantendo a anticoagulação por período mínimo de 40 dias após o período intrahospitalar.
Se você teve Covid e/ou precisou ser internado, mantenha o acompanhamento com seu Cirurgião Vascular após a recuperação clínica e hospitalar. De acordo com publicação recente da Sociedade Brasileira de Angiologia/Cirurgia Vascular, o risco de desenvolver um quadro clínico de trombose é expressivo em até 4 semanas após a alta hospitalar.
Procure cuidar da sua saúde e vacine-se assim que possível. Para mais informações a respeito de importantes temas da Medicina Vascular, com ênfase na relação entre Covid-19 e trombose, acesse o site www.drsthefanovascular.com.br.