Quando nos referimos à palavra “coração”, na maior parte das vezes, nosso subconsciente direciona nossas energias para o músculo involuntário que bate em ritmo sincronizado no lado esquerdo do peito. O coração, por representar o principal órgão do corpo humano, é muito explorado em pesquisas científicas e é alvo de muita discussão a respeito de suas peculiaridades e de suas interfaces com os outros órgãos do nosso organismo.
Entretanto, além do coração central, todo indivíduo também é portador de um outro coração, que se localiza nos membros inferiores, denominado “coração periférico”. Apesar de pouco conhecido, o coração periférico caracteriza-se pelo trabalho desempenhado pelos músculos da panturrilha, que permitem o retorno venoso de uma porcentagem significativa do sangue da periferia do corpo em direção ao coração.
Assim como o coração central bombeia o sangue em direção ao braços e as pernas, a contração muscular do coração periférico bombeia o sangue das pernas em direção ao coração central, mantendo um circuito fechado responsável pela dinâmica dos fluídos no interior dos vasos sanguíneos. Consequentemente, as estruturas nobres do nosso organismo são oxigenadas, perfundidas, nutridas e o excesso líquido é removido. Como resultado deste processo de bombeamento, o coração periférico também é conhecido como “bomba muscular da panturrilha”.
Muitas pessoas sofrem com o inchaço nas pernas, mas curiosamente, após avaliação médica detalhada e investigação ultrassonográfica, constata-se que não há problemas nos segmentos venosos dos membros inferiores. Dependendo do caso, a explicação plausível para o inchaço não acompanhado de insuficiência venosa recai sobre a falência da bomba muscular da panturrilha.
Muito comum em idosos, pacientes acamados, cadeirantes e pacientes sarcopênicos, a falência da bomba muscular da panturrilha prejudica o bombeamento do sangue periférico, contido nas veias das pernas, para o coração central. Com o aumento do conteúdo sanguíneo nas veias periféricas, ocorre a elevação da pressão na parede das veias, ocasionando o extravasamento líquido no tecido intersticial e permitindo a instalação do inchaço crônico nos membros inferiores.
Infelizmente, reduzir a ingesta de alimentos ricos em sal, diminuir o consumo hídrico, em especial de bebidas alcoólicas e refrigerantes e receber medicações diuréticas não são suficientes para substituir o bom funcionamento da bomba muscular da panturrilha. Respeitando estas orientações, o inchaço pode até ser aliviado, porém apenas em caráter temporário.
As sessões semanais de fisioterapia motora e drenagem linfática contribuem para o trabalho muscular da panturrilha, direcionando o excesso de líquido das pernas para o sistema venoso, o que reduz o inchaço. Além disso, o uso de meias elásticas compressivas, sob orientação médica, impede a retenção líquida, contribuindo para o trabalho muscular do coração periférico.
Exercícios físicos e suplementação para combater a sarcopenia auxiliam na redução do inchaço das pernas, especialmente na população idosa, que caminha com dificuldade e não exercita da maneira correta os músculos da panturrilha.
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