Nosso sistema circulatório é muito sensível às variações térmicas. Durante o período de altas temperaturas, ocorre um fenômeno denominado vasodilatação, que caracteriza-se pela abertura da microcirculação, o que permite a passagem de maior quantidade de sangue para as extremidades do nosso corpo. Por outro lado, nos dias frios, ocorre o efeito inverso denominado vasoconstrição, que promove o fechamento da microcirculação e consequente menor aporte sanguíneo para a extremidade do nosso corpo, fato que reduz a perfusão das nossas mãos e dos nossos pés.
Em pessoas saudáveis, estas alterações microcirculatórias são na maioria das vezes imperceptíveis, ocorrendo como respostas orgânicas adaptativas às variações térmicas. Entretanto, devemos manter a atenção quando nos referimos aos indivíduos cardiopatas, diabéticos e portadores de má circulação.
Nestes tipos de pacientes, os mecanismos adaptativos não são eficazes, resultando em maior impacto das variações térmicas sobre nosso sistema circulatório, especialmente o efeito da vasoconstrição em decorrência da queda de temperatura sobre as artérias das mãos e dos pés. Em outras palavras, baixas temperaturas podem exacerbar problemas circulatórios já existentes, aumentando o risco de infarto do miocárdio e trombose arterial.
Dores nas pernas durante a caminhada ou quando houver necessidade de subir alguns lances de escada, formigamento nos pés, extremidades frias e arroxeamento das pontas dos dedos das mãos e dos pés representam as principais manifestações clínicas do efeito térmico em nosso sistema circulatório.
O quadro de “má circulação” caracteriza-se pelo aporte insuficiente de sangue arterial para a extremidade do corpo, reduzindo a perfusão dos pés e aumentando o risco de trombose arterial, formação de feridas e dor ao repouso. O espasmo arterial é resultado do efeito térmico sobre a circulação do membro inferior, o que pode exacerbar o quadro doloroso e piorar a isquemia na perna.
O risco de isquemia arterial aguda durante os dias com temperaturas mais baixas é maior nos pacientes cardiopatas, diabéticos e portadores de comprometimento circulatório periférico, o que aumenta a probabilidade de internações hospitalares e intervenções cirúrgicas para o reestabelecimento circulatório.
O acompanhamento médico representa a melhor forma de proteger nossa circulação dos efeitos térmicos. No caso de dores nas pernas, formigamento, alterações de temperatura e coloração nos pés e extremidades frias, é necessário avaliar o sistema arterial com o Doppler Vascular. Por ser não invasivo, não utilizar contraste e não emitir radiação, o Doppler Vascular pode ser realizado por qualquer paciente no próprio consultório do Cirurgião Vascular. Este exame constitui a melhor forma de investigar alterações circulatórias em decorrência da queda de temperatura.
Para finalizar, segue abaixo algumas recomendações para os pacientes com alterações circulatórias em dias frios:
- Não menospreze o frio, procure se agasalhar.
- Mantenha o acompanhamento médico no caso de dores nas pernas, formigamento, alterações de temperatura e coloração nos pés e extremidades frias.
- Se usa medicamentos para circulação (vasodilatadores), confirme com o seu médico se é necessário ajustar a dose da medicação.
- Pratique atividade física regularmente, em especial exercitando a musculatura da panturrilha.
- Se houver histórico de má circulação na família, faça uma avaliação com o Angiologista/Cirurgião Vascular.
Para maiores informações sobre temas pertinentes a área médica a Medicina Vascular, acesse o site www.drsthefanovascular.com.br.