Apesar do risco potencial de trombose, prefira ser vacinado!

Risco trombose e vacinação

O risco de trombose associado a infecção pelo Coronavírus têm sido motivo de diversas discussões no meio acadêmico e científico. Estudos realizados com pacientes internados em unidades de terapia intensiva demonstraram que a incidência de fenômenos tromboembólicos é elevada em pacientes Covid positivo, especialmente a embolia pulmonar, a trombose venosa profunda e a trombose arterial. 

Inicialmente, a “tempestade inflamatória” decorrente da presença do vírus em nosso organismo foi apontada como a principal responsável pelo perfil trombogênico da infecção pelo Coronavírus. Em particular nos pacientes do grupo de risco, composto por cardiopatas, diabéticos, hipertensos, obesos e imunodeprimidos, a “tempestade inflamatória” promove a formação de micro e macro trombos, que ocluem diversos segmentos do sistema circulatório, resultando em um quadro de falência de múltiplos órgãos, com possível evolução para infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar, trombose venosa profunda e trombose arterial. 

A vacina, considerada a maior esperança no controle da transmissibilidade viral, recentemente foi associada a eventos trombóticos, aumentando a preocupação da população quanto aos seus benefícios. A vacina da Oxford/AstraZeneca foi apontada como causa de eventos tromboembólicos e nos últimos dias sua aplicação na gravidez e no puerpério foi suspensa devido a morte de uma gestante no Rio de Janeiro em decorrência de um quadro de acidente vascular cerebral hemorrágico. 

Apesar dos casos relatados de trombose em pacientes que receberam a vacina da Oxford/AstraZeneca, até o momento não é possível comprovar a veracidade científica desta relação, de modo que não se pode afirmar que a vacina da Oxford/AstraZeneca causa trombose. De acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, o risco de trombose associado ao COVID-19 aproxima-se de 16,5% enquanto o risco de trombose associada a vacina da Oxford/AstraZeneca é estimado em 0,0004%. 

Além disso, inúmeras condições clínicas podem aumentar o risco de trombose venosa profunda, tais como, imobilização, viagens prolongadas, histórico familiar de problemas venosos, procedimentos cirúrgicos, gravidez, puerpério e neoplasias.  

A gestação e o puerpério, por exemplo, representam um período caracterizado por um estado pró-trombótico, com maior predisposição para fenômenos tromboembólicos devido a sobrecarga hormonal. Portanto, a evolução para trombose venosa durante o período gestacional pode não ser resultado do efeito da vacina, mas sim do próprio estado pró-trombótico observado durante a gravidez. 

De acordo com a recomendação das sociedades internacionais, a vacinação não deve ser postergada pelo medo de desenvolver trombose venosa profunda. Especificamente para as gestantes e puérperas, a vacina da Oxford/AstraZeneca deve ser evitada, sendo recomendado vacinação apenas para gestantes e puérperas portadoras de comorbidades clínicas. 

Apesar do risco potencial de desenvolver trombose venosa, prefira ser vacinado! Cuide da saúde e mantenha o acompanhamento médico. Para mais informações sobre importantes assuntos da Medicina Vascular, acesse o site www.drsthefanovascular.com.br