Nos últimos dias, a vacinação de gestantes e puérperas contra o Covid-19 utilizando a vacina Oxford/AstraZeneca foi suspensa após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro por acidente vascular cerebral hemorrágico. Diversos questionamentos surgiram a respeito da possível associação entre vacinação e o risco de eventos trombóticos. Entretanto, ainda não há comprovação científica, sendo recomendado que o plano de vacinação seja mantido em gestantes com comorbidades, uma vez que a infecção pelo Coronavírus também apresenta elevado risco de trombose.
Durante a pandemia, ocorreu um aumento significativo das alterações circulatórias em decorrência da infecção pelo Coronavírus. Estudos realizados em unidades de terapia intensiva demonstraram que a presença do vírus em nosso organismo eclode uma “tempestade” inflamatória, que resulta na formação de micro e macro trombos em diversos segmentos vasculares do nosso corpo, com comprometimento de órgãos importantes, como cérebro, coração e rins.
Trombose venosa profunda e embolia pulmonar representam as principais alterações vasculares decorrentes da infecção pelo Coronavírus, com incidência estimada entre 50% a 60% dos pacientes acometidos. Além disso, existe o risco de infarto do miocárdio, trombose arterial, acidente vascular cerebral e sintomas tardios associados ao quadro viral. Todavia, a notícia que ninguém esperava era a possível associação entre trombose e vacina.
Ainda sabemos pouco sobre as possíveis complicações decorrentes da vacinação. Desta forma, nos grupos mais vulneráveis, como gestantes e puérperas que até pouco tempo atrás não poderiam receber a vacina e estariam desprotegidas contra o vírus, existe a preocupação quanto ao risco de contaminação materna e possível evolução para óbito materno-fetal. Portanto, o que precisamos saber sobre este assunto afim de orientar e tranquilizar as gestantes?
- A relação entre eventos trombóticos e o uso da vacina Oxford/AstraZeneca ainda não foi cientificamente comprovada. Entretanto, por precaução, a vacinação foi suspensa em gestante e puérperas até que as causas do óbito materno ocorrido no Rio de Janeiro possa ser elucidado.
- Os eventos adversos das vacinas contra o Coronavírus são raros. Até o momento, aproximadamente 22 mil gestantes já receberam a primeira dose da vacina no Brasil. Apenas 11 casos foram considerados eventos adversos graves, sendo que em 08 destes eventos, a relação com a vacina foi descartada.
- As gestantes que já receberam a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca não devem tomar a segunda dose, mesmo que seja de outra empresa fabricante. A recomendação é aguardar o parecer do Ministério da Saúde.
- O período gestacional e puerperal tradicionalmente está relacionado a maior risco trombótico para a mulher, em decorrência das alterações hormonais presentes neste momento. Estima-se uma incidência de aproximadamente 3 mil casos de trombose em gestantes por ano em nosso país.
- O acompanhamento médico deve ser priorizado para que os cuidados materno-fetais sejam mantidos e os eventos trombóticos sejam prevenidos.
- O risco de óbito materno-fetal é maior que o risco associado a vacinação.
Para maiores informações sobre assuntos relacionados a Medicina Vascular, acesse o site www.drsthefanovascular.com.br.